Ela acompanha todos os funerais de Avaré, interior de São Paulo, ajuda os funcionários das funerárias, se preocupa com a segurança dos túmulos e ainda presta, à sua maneira, solidariedade às famílias. A descrição não é de uma pessoa e sim de uma cachorrinha. A Branquinha é uma típica vira-lata, mas que segue cortejos fúnebres.
Durante boa parte do dia, ela fica tranqüila, sempre embaixo de alguma sombra. Mas quando um dos funcionários pega o carrinho que busca os caixões do velório municipal para o cemitério, ela desperta.
Primeiro, vira uma espécie de guarda de trânsito, correndo atrás dos carros que passam pela avenida em frente ao cemitério. Quando chega a hora do cortejo, ela logo toma a dianteira e acompanha a caminhada até o túmulo.
Sem descanso
A atitude da cachorra é a mesma todos os dias do ano, sem descansar nem aos fins de semana ou nos feriados. “Se tiver cinco ou seis enterros no dia, ela segue todos. Quando eu chego ao cruzamento das ruas, ela espera pra ver se eu viro ou se eu vou reto. E na volta ela vem junto”, diz Fernando Vona, funcionário de uma funerária.
Pelas contas de quem trabalha no local, a Branquinha está no cemitério há uns cinco anos. Mas o que ninguém consegue entender é o porquê dela ter uma atitude tão curiosa como essa.
Carlos Antônio Dias, dono de outra funerária, se surpreende: “Não tem uma explicação de como essa cachorra consegue acompanhar todos os enterros. Ela participa do velório e também do sepultamento”.
Sempre ao seu lado?
Será que a história dela é parecida com a do Akita Hachi, o cão japonês que esperou pelo dono na estação de trem mesmo depois que ele faleceu? Essa história foi mostrada no filme “Sempre ao seu Lado”.
O coveiro João Caetano dos Reis acha que sim, já que ela não sai de perto de um dos túmulos do local. “Eu não sei se ela tem alguma pessoa que tomava conta dela e morreu. Tem um túmulo que ninguém pode mexer, porque ela já vai atrás.”
Com esse comportamento pra lá de curioso, a Branquinha se tornou mais do que uma companheira. “É o xodó do cemitério”, diz Carlos Antônio. Já o coveiro vai além na declaração de amor: “Ela é a relíquia, a mesma coisa de minha filha. Eu gosto muito dessa cachorra, ela ficou no nosso coração”.
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E a história da Branquinha chamou tanto a atenção que a reportagem foi exibida até no programa da Ana Maria Braga. Depois de saber do comportamento do animal, a apresentadora declarou: “Amor é uma coisa que não vê raça, cor, ou situação social. Se tem coração, bate o sangue, tem carinho, troca afeto, é dá família!”
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