Por Paolla Serra
Ao receber os pagamentos do mês de abril, na semana passada, uma funcionária do zoológico do Rio estranhou:
— Ih, é a nossa onça!
Seus colegas teimaram em contrariá-la. Mas no fim de uma longa discussão, a funcionária com mais de 20 anos de casa conseguiu convencê-los de que estava certa: a onça Gabi, a única que vive zoo, estampa a nova nota de R$ 50, em circulação desde o fim de 2010.
A jornalista Esther Nazareth reconheceu o animal pelo focinho e pelo tipo de tronco em que o felino está encostado na cédula.
— Na hora, não tive nenhuma dúvida — afirmou a jornalista, confiante.
De acordo com o presidente da Fundação RioZoo, Sérgio Felippe, a Casa da Moeda lhe mandou um ofício em 2002 solicitando a foto de uma onça para a criação de uma nova cédula que seria confeccionada. Um fotógrafo, então, passou a frequentar a jaula de Gabi durante todas as tardes por três meses. Trabalho pronto, ninguém mais apareceu, nem deu notícias.
A onça, de mais de cem quilos, nasceu no zoológico do Rio há oito anos e, com jeito pacato, tem grande apelo com o público.
— Adorei essa onça. Ela é tão bonita, tão fofinha — elogiou a pequena Pâmela Rocha, de 6 anos, segurando a nota com a foto do bicho.
Gabi é fruto da união de um casal da linhagem do Pantanal matogrossense. Os animais foram trazidos para cá num resgate para salvar a espécie, ameaçada por alagamentos causados pela construção de hidrelétricas na região. Já em idades avançadas, Negona e Alexandre O Grande morreram no fim do ano passado e no início de 2011, deixando Gabi solitária.
— Tivemos que dar um apoio psicológico a Gabi. Os tratadores colocaram brinquedos na jaula — relembra o veterinário Alex Spadetti.
Com a foto da felina nas novas notas, tanto administradores quanto tratadores estão honrados e animados com o futuro do animal — e também do zoológico.
— Quem sabe agora, com essa divulgação toda, ela não arruma um parceiro? — perguntou o tratador do setor dos felinos do zoo há mais de 25 anos, Anselmo Ramiro.
Para o presidente do RioZoo, a expectativa é aumentar o número de visitantes (que passa de 1 milhão e 400 mil pessoas por ano).
— É um privilégio a Gabi ter sido a escolhida. Ela passou a ser referência aqui dentro, como era o nosso ilustre Macaco Tião, por exemplo — compara Sergio Felippe, referindo-se ao chimpanzé famoso por sua irreverência, que chegou a ser "candidato" a prefeito do Rio e morreu em 1996.
Extra -
Animais de Gaia - http://animaisdegaia.blogspot.com/
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